DANÇA DO DRAGÃO E DO LEÃO



Cores, sons, movimentos, força e sincronia: as danças do dragão e do leão cativam qualquer audiência. Tratam-se de shows dinâmicos e empolgantes, construídos e realizados única e exclusivamente a partir da habilidade humana, sem recursos eletrônicos ou digitais.


Quase onipresentes na civilização, os dragões estão presentes na cultura da China desde a pré-história, representados em linhas gerais, como serpentes com cabeça de cavalo e dois chifres. Acreditava-se que traziam chuvas para as plantações, e estavam fortemente associados à água: soprando seu hálito nebuloso, conferiam aos pântanos sua bruma característica; asseguravam o fluxo dos rios que abasteciam as vilas e povoados e faziam sua morada no fundo de mares e grandes lagos.



Logo após o dragão, o segundo animal divino mais importante a ocupar o posto de grande protetor e símbolo de nobreza e dignidade é o leão. Não existiam leões na China, mas seu papel mitológico na cultura do Extremo Oriente é dos mais relevantes, razão pela qual o leão chinês é, provavelmente, uma fusão entre o bicho real e uma figura mítica pré-existente. Ele era considerado o protetor das colheitas e dos seres humanos contra os espíritos malignos.


As duas criaturas mitológicas são figuras importantíssimas em festividades como o Ano Novo Chinês, é por isso que as danças do leão e do dragão não podem faltar nessas e em outras cerimônias e celebrações que marcam o início de um novo ciclo, como inaugurações de casas e estabelecimentos comerciais

Na dança do dragão o boneco utilizado é uma gigantesca marionete bastante flexível, que ganha vida graças a um grupo de dançarinos posicionados sob ela que a manipulam por meio de bastões. Existem dragões pequenos, de apenas 2 metros, acionados por duas pessoas, mas os mais comuns medem entre 25 e 30 metros e costumam abrigar de dez a vinte dançarinos-manipuladores, um para cada bastão. Os movimentos sinuosos desta dança evocam a origem aquática da criatura.



A execução desses movimentos exige sincronia e entrosamento perfeitos, o menor erro pode arruinar a apresentação. Os meneios de cabeça do fantoche têm que estar em harmonia com o corpo do dançarino, que serpenteia, salta, se enrosca em espiral e executa mudanças bruscas de movimento, tudo marcado pelo som de um tambor que ajuda os participantes a combinar os movimentos da cabeça e da cauda. Além da habilidade e do fôlego, tem que ter muita força, pois apesar de os materiais utilizados hoje para sustentar a estrutura do adereço serem mais leves e resistentes, a cabeça do dragão pode pesar quase 15 quilos.

O grau de complexidade da dança do leão não fica atrás, diferentemente da do dragão, ela não é tão grande, geralmente é usada uma fantasia por dois artistas. A visão de ambos é muito limitada, sobretudo a do dançarino que fica nas patas traseiras do animal, pois ele só enxerga o chão e os pés do parceiro. Quem opera a parte dianteira consegue ter melhor visão do caminho a sua frente, mas ela também é parcial. É este dançarino que conduz as acrobacias, por isso precisa ter leveza e agilidade, não só para ajudar o seu parceiro como também para fazer os movimentos da cabeça, mexendo as orelhas, a boca e os olhos, movimentos estes que são o principal meio pelo qual as expressões do leão são manifestadas.

O leão costuma ser chamado a dançar em ocasiões especiais como o Ano Novo, casamentos, inaugurações e homenagens a convidados ilustres. Ao entrar em uma residência ou estabelecimento comercial, o leão lambe paredes, portas, janelas e pilares deixando sua bênção e proteção.

Fonte:  Revista Instituto Confúcio, São Paulo, v.24, 2018.
O leã

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