Está meio por fora da guerra comercial entre EUA e China? A gente explica!




Já há alguns meses você deve estar ouvindo falar sobre a guerra comercial entre Estados Unidos e China - e como isso afeta (e ainda vai afetar) nossas vidas por aqui.

Para você ficar por dentro da história toda, fizemos um resumão. Mas, antes, é importante explicar o que significa “sobretaxar” ou “aumentar as tarifas” sobre um produto importado.

Quando um país compra um produto de outro país precisa pagar impostos ao governo para que a mercadoria entre em seu território. Se os impostos ficam caros demais, os importadores param de comprar daquele parceiro e procuram outros fornecedores, inclusive no mercado interno. Isso prejudica o exportador, que vai perder vendas.

É basicamente isso que EUA e China estão fazendo - aumentando impostos sobre mercadorias que vêm do país rival:

- No início do ano, os Estados Unidos sobretaxaram máquinas de lavar e painéis solares importados da China. Em março, foi a vez do alumínio e do aço. Pequim respondeu sobretaxando mais de 100 produtos americanos, incluindo carne de porco, frutas, nozes, petróleo e etanol.

- No dia 6 de julho, os norte-americanos passaram a aplicar tarifas de 25% sobre mais 1.300 produtos comprados da China. Outros US$ 16 bilhões em mercadorias estão na mira. Os chineses pagaram na mesma moeda: sobretaxaram 545 produtos americanos com os mesmos 25%.

- No dia 11 de julho, os Estados Unidos divulgaram um novo pacote de tarifas sobre cerca de US$ 200 bilhões em importações chinesas. Em resposta, a China deu a entender que pode começar a gerar “dor de cabeça” às empresas americanas que estão em seu território.

Os dois países entraram com recursos na Organização Mundial do Comércio (OMC) reclamando das tarifas de importação aplicadas mutuamente.

Pronto, temos uma guerra comercial.

Mas onde tudo começou?

Já durante a campanha eleitoral, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixava claro que o lema de seu governo seria “America first” (América primeiro). Colocar os Estados Unidos em primeiro lugar significa, ao menos para ele, rever relações comerciais consideradas “desleais”.

Uma dessas relações é com a China. O presidente americano acusa os chineses de tirarem os empregos dos americanos, roubarem propriedade intelectual do país e se apropriarem da tecnologia nacional em troca de abertura de mercado.

Além disso, Trump quer reduzir o déficit comercial entre os dois países em US$ 100 bilhões (hoje o déficit ultrapassa os US$ 370 bilhões). O número significa que, no saldo de importações e exportações entre China e Estados Unidos, os americanos ficam para trás.

A China diz que cumpre todas as regras estipuladas pela OMC e que pretende combater o protecionismo dos EUA em aliança com a União Europeia. O presidente chinês, Xi Jinping, defende a globalização e garante que a China vai se abrir mais para empresas estrangeiras.

E onde fica o Brasil?


Bom, o Brasil está na cena. Somos parceiro comercial dos dois países, o que significa que não há como sair ileso dessa guerra.

Por um lado, nos beneficiamos, pois a guerra comercial com os Estados Unidos está fazendo a China se aproximar de outras economias - especialmente as emergentes, como a nossa.

E o que isso significa? Aumento de exportações do Brasil para o país asiático. Um exemplo é a soja. Com a soja dos Estados Unidos ficando mais cara, o mercado chinês deve aumentar as importações de soja brasileira.

Só não sabemos se conseguiremos atender ou não o gigantesco mercado chinês, pois 57% da soja que chega lá já parte de terras brasileiras. Mas essa é uma outra história.

Por outro lado, a gente também sai prejudicado da guerra EUA x China. Uma briga de gigantes como essa pode fazer o comércio mundial desacelerar, afetando especialmente as economias de países em desenvolvimento. Se a China cresce menos, as commodities que exportamos podem ver o preço despencar.

A guerra também faz alguns preços globais oscilarem, como o do petróleo, e deixa os investidores inseguros. Para se ter uma ideia, assim que a China anunciou a última onda de tarifas, o mercado reagiu e o real desvalorizou. Resultado: dólar lá em cima.

Nenhuma guerra é fácil e, em tempos de globalização, o mundo todo entra em campo de batalha. O jeito é aguardar as próximas coordenadas...  


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