Como uma expedição de 3 rapazes mudou a história da Grande Muralha da China
Há 35 anos, os 21 mil
quilômetros de Muralha da China eram apenas uma parte abandonada da história do
país asiático. Mas tudo começou a mudar quando um jovem eletricista e dois
amigos resolveram explorar melhor o monumento milenar, que mais tarde se
tornaria uma das 7 Maravilhas do Mundo.
Na década de 1980, Dong
Yao-hui, hoje com 62 anos de idade, trabalhava como técnico de cabo de
energia em Qinhuangdao, uma das cidades chinesas por onde passa a construção.
Por conta do trabalho, ele costumava escalar torres muito próximas ao monumento.
Com o tempo, um grande interesse brotou.
“Pensava sempre em quem a
teria construído, quando e por qual motivo. Na época, não havia livros que
respondessem às minhas perguntas”, explicou Dong em entrevista à rede CNN.
17 meses de expedição
Cansado de tantas dúvidas
sem respostas, Dong chamou dois amigos, Wu De-yu e Zhang Yuan-hua, para uma expedição
pela muralha. A ideia era descobrir o que havia ao longo dos milhares de
quilômetros, até nos trechos mais desertos e pouco conhecidos pelos seres
humanos.
Os rapazes passaram dois
anos organizando a caminhada e, em 1984, partiram. A expedição durou 508 dias e
percorreu quase 9 mil quilômetros da Muralha da China. Sem mapas que os guiassem, os amigos apenas
andavam e anotavam tudo o que viam pela frente. À noite, se abrigavam em algum
dos fortes construídos para acolher os antigos soldados chineses.
“Foi a primeira vez que os
humanos caminharam tantos quilômetros pela Grande Muralha, deixando as
primeiras pegadas. A gente apenas andava, andava e ia tomando nota do que via”,
lembra Dong.
A aventura virou um livro
Dois anos depois da
expedição, Dong, Wu e Zhang escreveram o livro “A Expedição da Grande Muralha
da China da Dinastia Ming”. Na obra, eles contam sobre os trechos deteriorados
e alertam os chineses para a necessidade de cuidar do patrimônio, que é parte
tão importante da história do país.
O esforço deu certo. Em
1987, a Unesco reconheceu o monumento como Patrimônio Mundial. De lá para cá,
as autoridades e a população da China se uniram para preservar o local,
adotando uma série de medidas e projetos de conservação.
“Nestes 35 anos, o esforço
para proteger a Grande Muralha aumentou de forma significativa. Antes, todas as
aldeias chinesas a destruíam. Hoje, as pessoas condenam o mau estado de preservação”,
diz
o organizador da expedição.
E Dong Yao-hui não parou de
trabalhar. Em 2014, fundou a Sociedade da Grande Muralha, uma entidade que
estuda e trabalha para cuidar do patrimônio. Ele ficou conhecido como “Filho da
Muralha” e até hoje é chamado para guiar passeios de pessoas importantes ao
longo dos antigos muros, como presidentes e outras autoridades.
A história da Grande Muralha
da China
A Muralha da China começou a
ser construída no século VII a.C pelo Estado de Chu, da Dinastia Zhou. As obras
passaram por várias dinastias e foram concluídas apenas em 1878, com a Dinastia
Qing.
O principal objetivo da construção
era proteger o país da invasão dos povos nômades ao norte e servir como caminho
para caravanas que iam até o golfo pérsico para alcançar os portos do
mediterrâneo oriental, tendo acesso ao mercado europeu.
No
lugar dos degraus, a muralha tem rampas que facilitavam o transporte, inclusive
de armamentos. A muralha também possuía portas, fortes, alojamentos para os
soldados, estábulos para os animais, depósitos de suprimentos e armas.
A
extensão total do monumento é de 21,196 quilômetros, atravessando o Deserto de Gobi, quatro províncias (Hebei, Shanxi, Shaanxi e Gansu) e duas regiões
autônomas (Mongólia e Ningxia), além de rios e montanhas. Os muros têm pedras que
chegam a 2 metros de altura. Para percorrer toda a muralha, é preciso andar por
177.016 dias.
No
lugar dos degraus, a muralha tem rampas que facilitavam o transporte, inclusive
de armamentos. A muralha também possuía portas, fortes, alojamentos para os
soldados, estábulos para os animais, depósitos de suprimentos e armas.
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