Medicina Tradicional Chinesa: conheça um pouco sobre essa sabedoria milenar


Acupuntura, Tui Na, Tai Chi Chuan, fitoterapia chinesa. Você provavelmente já ouviu falar ou até já fez algum desses tratamentos. Mas você sabe o que eles têm em comum? Todos são pilares da Medicina Tradicional Chinesa, uma das medicinas mais antigas da humanidade que pouco tem a ver com a que praticamos aqui no ocidente.

O conjunto de técnicas, teorias e conhecimentos milenares que formam a MTC foram desenvolvidos pelos mestres chineses ao longo de milhares e milhares de anos graças a muito estudo, observação e principalmente sabedoria para enxergar o homem e o universo de uma forma muito mais profunda e integrada. 

Para matar um pouco da curiosidade dos nossos leitores, decidimos reunir (e resumir) os principais conceitos e teorias da Medicina Tradicional Chinesa, que hoje inspira e desperta interesse em médicos e cientistas do mundo todo. Com certeza, você vai ficar fascinado com essa história. Vamos lá?

Quando surgiu 

Os primeiros registros da MTC são achados arqueológicos de instrumentos de pedra fabricados 4 mil anos a.C. No leste da China, onde o clima é mais ameno, estão os primeiros registros da acupuntura. Já no norte do país, onde o clima é frio, as técnicas de que se tem registro são mais quentes, como a Moxabustão.

O grande livro que serviria de base para a Medicina Tradicional Chinesa, contudo, chegou um pouco mais tarde. O Huang Di Nei Jing ( ), que significa Tratado Interno do Imperador Amarelo, é atribuído à figura lendária de Huang Di (Imperador Amarelo), e foi escrito entre 2.697 e 2.597 a.C. 

No livro, Huang Di conversa com conselheiros sobre os vários métodos para atingir a plena saúde e a longevidade. Até os dias de hoje, esse é considerado o livro base de toda a MTC.

Conceito básico 

A Medicina Tradicional Chinesa enxerga o homem como sendo parte do universo e não algo separado dele. De uma forma geral, acredita-se que corpo, mente, espírito e ambiente estejam integrados e devam viver em harmonia para que o indivíduo tenha saúde. 

Se algo não vai bem, o Qi (chi), energia vital que rege não apenas nosso corpo como todo o universo, não flui como deveria, fazendo com que o organismo não funcione mais de forma harmônica. O resultado disso são as doenças físicas e mentais, dores, desconfortos, entre tantos outros males.

Para a MTC, toda doença tem 3 estágios de evolução: o energético, o funcional e o orgânico. 

Enquanto a medicina ocidental só detecta as doenças em nível orgânico, que é quando os exames já estão alterados, a medicina chinesa é mais sutil e consegue detectar e tratar os problemas ainda em nível energético e funcional, pois percebe que a energia não está fluindo bem no organismo.

Portanto, a MTC acredita que a melhor forma de ser saudável é apostar na prevenção. Antes mesmo de um desequilíbrio energético se tornar uma doença, é preciso reconhecê-lo e tratá-lo. Do contrário, a cura pode ser bem mais lenta e complicada.

Principais tratamentos 

Diferentemente da medicina alopática, que olha apenas para o corpo, os diagnósticos na MTC passam por uma avaliação minuciosa da vida do paciente em busca também de fatores gerais que estejam desequilibrando o funcionamento do organismo. 

Trabalhar com algo de que você não gosta, dormir sempre muito tarde ou ter um relacionamento amoroso ruim são alguns exemplos de circunstâncias que podem levar ao desenvolvimento de doenças físicas.

Da mesma forma, os tratamentos da Medicina Tradicional Chinesa não envolvem apenas técnicas e uso de fitoterápicos, mas também uma mudança de hábitos. As terapias mais comuns da medicina tradicional chinesa são:
  • Fitoterapia: medicamentos chineses feitos à base de ervas medicinais, extratos e outros compostos vegetais, animais e minerais;

  • Acupuntura: uso de agulhas em pontos específicos do corpo para estimular a melhor fluidez da energia. Também inclui a Moxabustão e a Ventosaterapia;

  • Tuina ou Tui: massagem e osteopatia chinesa feita com as mãos;

  • Dietoterapia: alimentação usada como forma de recuperar e manter a saúde;

  • Práticas físicas: tratamento por meio de exercícios de respiração, meditação e circulação de energia, como o Tai Chi Chuan e as artes marciais.
Teoria do Yin e Yang

Já entendemos um pouco sobre a história da medicina chinesa, como ela enxerga o homem e quais tratamentos costuma usar. Mas toda essa análise do paciente é feita com base em que? Basicamente, a MTC segue algumas teorias e filosofias (especialmente a Toísta).

Uma das teorias que serve como base é a do Yin e Yang, as duas forças opostas e complementares que formam (e transformam) tudo que há no universo. Alguns exemplos dessas forças são: dia e noite, frio e calor, feminino e masculino, céu e terra, matéria e energia. 

Enquanto o Yin é representado, por exemplo, pela água, noite e escuridão, a energia Yang é a luz, o dia, o sol e o fogo. Em menor ou maior quantidade, essas duas forças existem em tudo que existe no universo, na natureza e também no corpo humano, incluindo as nossas emoções.

Uma pessoa é considerada saudável quando o Yin e o Yang estão em equilíbrio no corpo e o Qi, que é a nossa energia vital, consegue circular livremente. Do contrário, ficaremos doentes, indispostos e nosso organismo tende a não funcionar em sua perfeita função.  Por exemplo:
  • Quando o Yin está deficiente, o Yang está em excesso, levando à manifestação de sintomas como ondas de calor, suores noturnos, ansiedade, agitação, elevação da pressão arterial e constipação.
  • Por outro lado, quando o Yang está deficiente, o Yin está em excesso, podendo levar à sensação de frio, fadiga, diarreia, metabolismo lento com retenção de água, pressão arterial baixa e retardo psicomotor.
Para chegar a um diagnóstico e tratamento, o médico da Medicina Tradicional Chinesa vai sempre buscar entender o que pode estar faltando ou sobrando no organismo do paciente e buscar formas de equilibrar o Yin e o Yang.

Teoria dos 5 movimentos

A Teoria dos 5 movimentos, ou elementos, nasceu da observação da natureza e é complementar à teoria do Yin e Yang. Os sábios que consolidaram as bases da Medicina Tradicional Chinesa perceberam que tudo que se transforma na natureza passa por 5 fases (movimentos) que podem ser representadas pelos 5 principais elementos. Também no corpo humano, cada orgão, tecido, víscera ou mesmo emoção sentida tem um elemento correspondente. São eles:
  • Madeira: fígado, vesícula biliar, olhos e tendões;
  • Fogo: coração, intestino delgado, língua e vasos;
  • Terra: baço, estômago, boca e músculos;
  • Metal: pulmão, intestino grosso, nariz e pele;
  • Água: rim, bexiga, ouvidos e ossos.
Da mesma forma como esses elementos se relacionam na natureza, eles também interagem no organismo podendo estabelecer relações harmônicas ou de dominação. Na natureza, o fogo queima o metal, a água apaga o fogo e a terra detém a água, por exemplo. O mesmo acontece no corpo.

Portanto, os médicos da MTC buscam entender como os elementos (ou movimentos) estão interagindo no organismo, qual sistema está dominando qual ou contribuindo para que o outro não trabalhe direito.

As teorias da Medicina Tradicional Chinesa, como comentamos, são fruto de milhares de anos de observação e reflexão sobre a natureza, o universo e o corpo humano. Aliadas às terapias, elas formam uma forma muito rica de enxergar o homem em sua plenitude e podem representar um instrumento muito poderoso na busca por mais saúde e felicidade.  

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